quinta-feira, 24 de maio de 2012
segunda-feira, 14 de maio de 2012
segunda-feira, 7 de maio de 2012
II Comunicado:
Oficinas de trabalho sobre as novas Escola de Serra Grande
Estiveram reunidas quase 100 pessoas, em sua maioria professores das Escolas Públicas de Serra Grande (Creche, Ensino Fundamental e Médio), nos dias 18 e 19 de abril, no Auditório Municipal e na CasAzul, para planejar as Novas Escolas de Serra Grande.
A Secretária de Educação abriu o
encontro, que permitiu uma reflexão conjunta sobre a necessidade de uma nova
escola em Serra Grande e o reconhecimento das forças das atuais escolas e de
suas histórias, e, ao mesmo tempo em que abriu uma nova perspectiva para a
construção de escolas públicas no país. Tornou evidente que a Nova Escola será
pública, deverá atender aos anseios da comunidade local e estar em harmonia com
os potenciais culturais e ambientais da região.
Todos concordaram que é preciso
haver uma reflexão sobre o modelo pedagógico e que este norteia o projeto
arquitetônico. Outro aspecto importante foi que o ensino básico – creche,
ensino fundamental e ensino médio – será pensado em seu todo e que esta prática
deverá se refletir na gestão da Nova Escola. A comunidade presente também
contribuiu e reforçou a importância das famílas participarem da Nova Escola e
de todos acompanharem e compreenderem as mudanças que estão acontecendo na Vila.
Uma equipe técnica, formada por arquitetos e pedagogos, darão suporte na
elaboração dos projetos pedagógico e arquitetônico da Nova Escola de Serra
Grande.
Num segundo momento, do dia 18,
uma discussão em grupos permitiu que todos se pronunciassem a respeito da Nova
Escola, sendo que foram colocadas três perguntas para desencadear a discussão
nos grupos.
Precisamos de uma nova escola?
Por que?
› Mais janelas, que seja confortável e ventilada;
› Tenha livros;
› Construída a partir da necessidade da comunidade, tem que ser um ambiente
adequado;
› Tem que ser mudado para o aluno voltar
a AMAR a escola;
› Necessária uma nova estrutura que
abrace os alunos de forma prazerosa e com qualidade;
› Necessária uma escola que
estimule o aluno;
› Escola com ideia criativa, vai
facilitar o aprendizado;
› Já tem profissional com
potencialidade;
› Precisa ser valorizado o dom de
cada um, uma escola que não seja competitiva mas que todos venham a ocupar um
lugar e com isso haja interação de um com o outro;
› Ter um processo de ensino e
aprendizado efetivo com qualidade;
› Tem que oferecer a oportunidade
para o aluno desenvolver o social, afetivo e educacional.
› Aumento do número de alunos;
› Falta de merenda para o ensino
médio;
› Participação efetiva dos pais;
› Família faz a diferença;
› Desinteresse pode vir de aulas monotonas mas falta
um espaço adequado para os professores soltarem a imaginação;
› Espaço físico adequado a
quantidade de alunos e para a realização das atividades planejadas;
› No ensino fundamental falta
espaço para brincar;
› Falta de perspectiva para os alunos do
ensino médio, a nova escola deverá preparar os jovens para o seu futuro.
Quais são as forças que temos e
vamos levar para essa nova escola?
› Já tem uma responsabilidade social;
› Há preocupação em levar o aluno a pensar;
› Da adversidade e da união;
› Receber inovações;
› Organização comunitária, dentro encontra-se as
associações;
› Espírito de cooperação em entender o outro;
› Explorar as diversidades que já temos;
› Professores capacitados com graduação, espírito de
grupo e de companheirismo frente aos desafios e adversidades;
› Coordenação pedagógica ativa;
› Merendeiras;
› Alunos;
› Parceria com Arapyaú para realizar excursões em
ambientes externos que sejam interessantes ao processo educativo;
› Conhecer outros espaços, adequação dos conteúdos com
a realidade da vida dos estudantes;
› Revisão do material didático que é muito
tradicional;
› Projeto de leitura com um espaço mais adequado;
› Revisão do tipo de merenda e continuar recebendo a produção dos agricultores locais.
› Revisão do tipo de merenda e continuar recebendo a produção dos agricultores locais.
Características da Nova Escola:
› Parque de diversão;
› Quadra de esporte;
› Salas de leitura;
› Espaço para: carpintarias, culturas e pinturas;
› Área de lazer;
› Trabalho diferenciado para perspectiva futura;
› Valorização do professor;
› Aumento do salário;
› Merenda de qualidade, nutritiva e diversificada;
› Educação Ambiental;
› Salas amplas e arejadas;
› Boa biblioteca;
› Hortas;
› Aulas práticas;
› Sala de informática;
› Brinquedoteca;
› Anfiteatro e auditório;
› Laboratório de línguas, de ciências e de artes;
› Aula de música;
› Psicólogos;
› Banho de rio;
› Viagens de estudo;
› Um lugar para as crianças brincarem com terra e
areia;
› Um mirante panorâmico para o PESC – mais tempo
(período integral);
› Educação voltada para as tradições e culturas
locais;
› Aulas de dança;
› Excursões.
A continuação da I Oficina da Nova EscolaNo dia 19, os trabalhos se concentraram na estruturação de quatro Grupos de Trabalho:
› GT Projeto Pedagógico,
› GT Projeto Arquitetônico,
› GT Mobilização e Comunicação,
› GT Construções Ecológicas.
Os três primeiros grupos discutiram seus planos de trabalho e já marcaram um novo encontro. Esses planos estão sendo elaborados e serão socializados com todos no próximo informativo.
Composição e Ações dos Grupos de Trabalho
GT Projeto Pedagógico, como o nome já diz, tem como objetivo a elaboração do Projeto Pedagógico, na perspectiva da educação integral, para orientar o projeto arquitetônico dos novos prédios das escolas públicas de Serra Grande.
O GT Projeto Pedagógico optou por iniciar seus trabalhos com a discussão das ideias já formalizadas nos Planos Político-Pedagógicos (PPP's) das duas escolas públicas de Serra Grande (Escola Estadual Antônio Cruz e Escola Municipal Eliés Haun). Portanto, os PPP’s já existentes, mesmo que inacabados, estão sendo compartilhados com todos, para que possam ser reformulados.
O importante é que no Projeto Pedagógico da Nova Escola sejam contempladas todas as coisas que não podem faltar na escola dos sonhos de todos nós, com atenção a questões práticas, no sentido de formular um espaço inovador que possa ser bem aproveitado pelos professores, educadores e alunos.
A questão norteadora deste processo deve ser: O QUE os alunos precisam APRENDER e COMO os alunos vão APRENDER na Nova Escola?
Para dar subsídios aos participantes do GT, na elaboração do Projeto Pedagógico, foi organizado um grupo de estudos que se reune aos sábados às 15h na CasAzul, para refletir sobre a Leis de Diretrizes e Base da Educação Nacional Brasileira (LDB) e outros documentos.
Compõem o GT Projeto Pedagógico:
- Célia Farias – Secretária de Educação de Uruçuca
- Carla – Diretora da Escola Municipal Eliés Haum
- Cintia – Coordenadora da Escola Municipal Eliés Haum
- Cris Leal – Coordenadora do Grupo Ecoloucos pela Vida
- Cynthia – Mãe voluntária
- Danilo – Professor da Escola Municipal Eliés Haum
- Emílio – Professor da Escola Rural Dendê da Serra
- Ionara – Coordenadora da Escola Municipal Eliés Haum
- Irmã Jaqueline – Psicopedagoga da Escola Municipal Eliés Haum
- José Pacheco – Professor convidado (Escola da Ponte/Portugal)
- Leda – Diretora da Escola Estadual Antonio Cruz
- Marcel – Presidente Associação de Moradores da Beira Rio e da Represa
- Maria de Lourdes (Lia) – Professora da Escola Municipal Eliés Haum
- Pedro I. H. Ribeiro – Estudante da UESC e coordenador do GT
- Rosângela – Coordenadora da Creche Eva Santos
GT Projeto Arquitetônico – Bya Goulart, como coordenadora do GT, propôs a leitura e discussão do PRUA, assim como a análise de outras referências, textos e imagens, que ajudarão a pensar na construção da Nova Escola de Serra Grande.
A discussão sobre os objetivos dos GTs evidenciou que, apesar de existir desafios próprios, os GTS do Projeto Pedagógico e o do Projeto Arquitetônico precisarão dialogar constantemente, pois o Projeto Pedagógico irá subsidiar o Projeto Arquitetônico da Escola. Profª Maria do Pilar esclareceu que a apresentação do projeto da Nova Escola para o FNDE, que deverá ser feita pela comunidade em outubro de 2012, terá como foco principal o Projeto Arquitetônico, porém, tudo que será “pedido” ao FNDE, em termos de construção,deverá ser justificado pela proposta pedagógica.
Foi reforçado, em diveras ocasiões, que o Projeto Pedagógico, que norteará o Projeto Arquitetônico, não terá necessariamente o mesmo formato de um PPP padrão.
Os participantes do GT Projeto Arquitetônico são:
- Bya Goulart – Arquiteta especialista em escolas
- Claudionor – Engenheiro da DIREC 06
- Cleiton – Estudante da Escola Estadual Antonio Cruz e Jovem Jornalista do Núcleo de Comunicação
- Cosmiranda (Coty) – Vice diretora da Escola Municipal Eliés Haum
- Débora – Professora da Escola Estadual Antonio Cruz
- Florisval Neto – Jovem Jornalista do Núcleo de Comunicação
- Janete – Diretora da Creche Municipal Eva Santos
- Jayne – Estudante da Escola Estadual Antonio Cruz e Jovem Jornalista do Núcleo de Comunicação
- Jefferson – Permacultor e artesão (bambu)
- Jeiza – Estudante da Escola Estadual Antonio Cruz e Jovem Jornalista do Núcleo de Comunicação
- Marlon – Músico e construtor
- Valdomiro – Empresário da Construção Civil
GT Mobilização e Comunicação tem a função de integrar e informar, conscientizando toda a comunidade sobre as mudanças e o processo de construção coletiva da Nova Escola, favorecer o fluxo de informações dos outros Grupos (Pedagógico e Arquitetônico), através da promoção de rodas de conversa e a participação em outras reuniões da comunidade. Em parceria com o Núcleo de Comunicação Aprendiz, o GT irá publicar um informativo quinzenal sobre a Nova Escola e promover o Blog wwwnovaescoladeserragrandeblogspot.com.br , além de criar materiais de comunicação, e a participação organizada em eventos na Vila com a divulgação de informações.
O GT Mobilização e Comunicação reune-se quinzenalmente na Casa Branca, a próxima reunião será no dia 22/05, às 17h.
Componentes:
- Bárbara – Educadora na Educação Informal
- Da. Regina – Presidente Associação dos Pequenos Agricultores de Serra Grande
- Duda – Vereador de Serra Grande
- Emílio – Professor da Escola Rural Dendê da Serra
- Erbene – Agente de Saúde e Professora da EJA
- Gura – Educadora Comunitária e Artesã
- Ilma – Arte Educadora e especialista em lixo
- José Basílio – Coordenador da Quadrilha do Bairro Novo
- Krishna – CRAS – Secretaria de Assistência Social
- Luciano – Presidente Associação Cultural da APA de Serra Grande/Itacaré
- Ludimila – Coordenadora Projeto Afro Raiz
- Mara – Agente de Saúde, Mãe Solidária
- Marcel – Associação de Moradores da Beira Rio e da Represa
- Maria de Lourdes – Professora do Colégio Eliés Haum
- Marlene – Agente de Saúde e Mãe Solidária
- Marlize – Instituto Mecenas da Vida e Professora do Inglês Solidário
- Regina – Núcleo de Comunicação Aprendiz e coordenadora do GT
- Solange – Professora da EJA
- Soliene – Mãe solidária
- Soraia – Agente de Saúde e Mãe Solidária
GT Construções Ecológicas
Jefferson, um dos integrantes do GT, iniciou uma pesquisa que objetiva conhecer e resgatar os saberes tradicionais na construção civil da região cacaueira. Para isso, vem realizando entrevistas com diversos profissionais na vila, contando com o apoio de jovens para fazer registros audiovisuais. No dia 19/05, pela manhã, uma parte das informações colhidas poderá ser conhecida no Seminário de Construções Ecológicas, onde saberes tradicionais e os conhecimentos de permaconstrutores serão expostos e debatidos.
Fazem parte do GT Construções Ecológicas:
- Cláudio Maia – Empresário especialista em construções ecológicas
- Gringo – Carpinteiro e Artesão
- Iberê – Permacultor
- Jefferson Cruz – Permacultor e empresário especialista em Bambu
- Serjão – Paisagista e Jardineiro
- Valdomiro – Empresário da Construção Civil
- Wolf F. Reiber – Arquiteto e Urbanista Especialista em Bambu
I Comunicado Geral para a Comunidade de Aprendizagem das Novas Escolas Públicas de Serra Grande
Após a realização do II
Encontro de Educação do Vila Aprendiz que teve como objetivo a formação de uma comunidade de aprendizagem para conduzir o
processo coletivo de elaboração de um projeto pedagógico e arquitetônico
inovador para a construção das novas escolas públicas de Serra Grande, Profª Maria do Pilar se encarregou de marcar uma reunião em Brasília com
representantes do MEC e do FNDE, sendo que essa reunião aconteceu no dia 28/02,
conforme Relato A, abaixo.
Relato A – Reunião em Brasília
No
dia 28 de fevereiro, 2012, das 16:00h às 18:00h, aconteceu uma reunião no MEC
em Brasília, coordenada por Maria do Pilar, Secretária de Educação Básica entre
2007 e 2012, contando com representantes do MEC, FNDE, Poder Público Municipal,
Instituto Arapyaú e arquitetos, para discutir a construção das escolas públicas
em Serra Grande, Uruçuca (Bahia).
Participaram
dessa reunião: o Secretário de Educação Básica, o Presidente do FNDE, o Coordenador
de Infra-Estrutura Educacional, um técnico-analista de projetos do FNDE, o Assessor
da Secretaria Executiva do MEC, a Assessora da Secretaria de Educação Básica do
MEC, a Coordenadora Geral de Redes Públicas da Secretaria de Educação Básica, o Prefeito
do Município de Uruçuca, representantes do Instituto Arapyaú, e a coordenadora do Movimento Vila
Aprendiz, a arquiteta especialista em arquitetura escolar e o arquiteto e
urbanista coordenador do PRUA de Serra Grande. No final da reunião, tivemos
ainda a presença do Secretário Executivo do MEC.Profª Maria do Pilar abriu a reunião, apresentando as pessoas e fazendo uma breve exposição sobre Serra Grande e a atuação do Instituto Arapyaú nesse território, enfatizando localização e características sócio-ambientais da vila e a elaboração participativa do Plano Referência Urbanístico e Ambiental – PRUA, sua aprovação em lei, sancionada pelo Prefeito em janeiro 2012. Maria do Pilar falou ainda do Movimento Vila Aprendiz e relatou a sua participação no II Encontro de Educação do Vila Aprendiz, realizado em 08 e 09 de fevereiro 2012, explicando o objetivo do mesmo, sendo que enfatizou a importância desse encontro em função da ampla participação da sociedade. Apresentou sucintamente a situação das escolas públicas de Serra Grande, justificando a necessidade de um projeto inovador para essa vila, em função do grande número de crianças e jovens matriculado nas escolas, dos baixos índices sócio econômicos da região, do baixo IDE e do alto índice de analfabetismo entre adultos, assim como da extrema precariedade dos espaços escolares.
Em seguida, expós o objetivo da reunião: a discussão da construção das escolas públicas de Serra Grande, considerando os três níveis - 1) Creche e Educação Infantil, 2) Ensino Fundamental e 3) Ensino Médio (abrangendo todas as etapas do Ensino Básico) - e a oportunidade de experimentar em Serra Grande um processo coletivo de revisão dos padrões de construção do FNDE. A discussão de um projeto pedagógico, na perspectiva da educação integral, articulado com um projeto arquitetônico inovador, culminando com a realização da construção das escolas públicas de Serra Grande com recursos do FNDE, a fim de constituir uma nova referência para o Sul da Bahia e o Brasil.
A reunião levou à conclusão de que a LDB/96 abre possibilidades para o desenvolvimento de projetos educacionais diferenciados, adequados às especificidades de cada lugar. A orientação por parte dos representantes do MEC e do FNDE consistiu em recomendar a organização do processo de elaboração participativa do projeto inovador para as escolas públicas de Serra Grande, com base num projeto com plano de trabalho detalhado, que garanta o registro e a possibilidade de comunicação da experiência, tornando-a uma nova referência para o MEC/FNDE.
O plano de trabalho deverá direcionar o processo, que envolve pensar coletivamente um novo projeto pedagógico, na perspectiva da educação integral, e como expressão desse projeto de aprendizagem, uma concepção arquitetônica, que esteja em harmonia com o ambiente natural e a paisagem e cujos materiais de construção tenham uma estreita relação com os materiais tradicionais e os saberes locais da região. A sustentabilidade ambiental, social e econômica deverão ser um princípio básico que irá nortear a construção das escolas. O processo de elaboração coletiva dos projetos pedagógico e arquitetônico (organizado em forma de projeto com plano de trabalho) deverá contar com a contribuição da comunidade e será financiado pela sociedade civil organizada, o poder público e empresários, até adquirir um formato que possa ser submetido à avaliação pelo FNDE, que deverá financiar a construção das escolas. Quanto aos prazos, foi previsto o ano 2012 dedicado à elaboração do projeto das novas escolas, que no final de 2012 ou no início de 2013 serão submetidos ao FNDE.
Uma proposta de projeto e plano de trabalho, que orientará o processo participativo de elaboração dos projetos pedagógico e arquitetônica das novas escolas ao longo do ano 2012, deverá será apresentada e discutida no próximo encontro, a ser realizado no início de abril (local e data a definir). O Instituto Arapyaú se encarrega de coordenar o processo de elaboração dessa proposta e da organização do encontro para a sua apresentação e discussão.
Relato B – Reunião na CasAzul,
Serra Grande
No
dia 02 de março, conforme decidido no II Encontro de Educação do Vila Aprendiz,
realizou-se a primeira reunião de articulação dos grupos de trabalho que irão
pensar as novas escolas públicas de Serra Grande.
A
reunião foi uma oportunidade para esclarecer as dúvidas, particularmente dos
que não participaram do II Encontro, e para identificar os possíveis grupos de trabalho.
Foram também relatados os resultados da reunião do MEC.
Os
presentes consideraram que esta primeira reunião não era suficientemente
representativa e decidiram preparar uma nova reunião a ser realizada no final
de março. Todos se comprometeram a convidar outras pessoas para a próxima
reunião, já pensando em que grupo cada pessoa poderia contribuir. O Núcleo de
Comunicação ficou com a missão de promover pequenas reuniões pela Vila, para levar
informações sobre o processo de elaboração dos projetos das novas escolas e ouvir
as opiniões dos moradores da Vila sobre a escola que sonham.
Ficou
também estabelecido que o Núcleo de Comunicação seria responsável pela
comunicação entre os grupos e internamente aos grupos.
Compareceram
à reunião representante da Escola Estadual Antonio Cruz), secretária de Educação de
Uruçuca, Secretária de Assistência Social de Uruçuca, representante do CRAS de Serra Grande,
(presidente da Associação Cultural da APA Itacaré/Serra Grande, representante da Escola Rural Dendê da Serra, mães solidárias, moradores, representante do IF Baiano, empresários, professora do Curso de Inglês Solidário - representante do Instituto Mecenas da Vida, presidente da Associação de Moradores da Beira Rio e da Represa, coordenadora do Projeto Afro Raiz, Diretor
de Turismo da prefeitura de Uruçuca, representante do Instituto das Irmãs Franciscanas pequeninas de Belém, coordenadora da Escola Municipal Eliés
Haum, representante do Instituto Arapyaú, participantes do Núcleo de Comunicação do Movimento Vila aprendiz.
Relato C
O
Núcleo de Comunicação reuniu-se no dia 05/03, conforme combinado, e está
preparando pequenas reuniões pela Vila. A
próxima reunião está marcada para quinta (07), às 17h, na CasAzul.
Nova Escola e vida nova em Serra grande
Nova escola e vida
nova em Serra Grande
Comunidade se engaja
no planejamento da educação de seus jovens e caminha em direção ao
desenvolvimento sustentável
I - Contexto
Oportunidade - A comunidade da Vila
de Serra Grande, distrito litorâneo de Uruçuca, no sul da Bahia, com
aproximados 4 mil habitantes, foi beneficiada em 8 de fevereiro de 2012 pela doação,
por parte dos empres·rios Renato Guedes e Nelson Moraes, de terrenos que somam
por volta de 40 mil m², onde deverão ser erguidos uma creche, uma escola
municipal para o ensino fundamental, uma escola de ensino médio e um posto de
saúde.
A construção dos novos
equipamentos educacionais foi recebida pelas lideranças comunitárias locais não
só como uma chance de estabelecer um espaço físico que estimule o aprendizado
das crianças, desativando as instalações atuais, improvisadas em prédios que
não foram concebidos para receber escolas. Mas também como uma oportunidade de
aperfeiçoar o modelo pedagógico adotado e assim reverter o baixo desempenho
escolar, constatado em um Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)
de 3,1 (numa escala de 0 a 10), além de reduzir a grande evasão escolar e a
alta taxa de analfabetismo que atinge 30% da população adulta.
A nova escola é ainda
percebida como um fator indutor de mudanças sociais, capaz, ao longo prazo, de
valorizar os cidadãos e resgatar a cultura local, ao mesmo tempo em que prepara
os moradores para entender melhor o mundo no qual estão inseridos e, assim,
aproveitar as oportunidades de trabalho e empreendedorismo que podem elevar as
condições sócio-econômicas de uma população onde 90% das famílias, compostas em
média por 5 pessoas, possuem renda de até 2 salários mínimos. O Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) local é de 0,65, enquanto a média brasileira é de
0,81.
Situação atual - A creche da Vila de
Serra Grande atende 150 crianças de 3 a 5 anos, número insuficiente para o
distrito, e não conta com espaço para acolher as crianças menores de 3 anos. No
total precisaria abrigar por volta de 300 crianças. Na escola de ensino
fundamental 1 e 2, estão matriculadas 900 alunos e 200 adolescentes acompanham
o ensino médio. Alunos e professores se queixam sobre as condições das salas de
aula, que são abafadas e minúsculas, com capacidade para receber 20 estudantes,
mas são ocupadas por mais de 30. Não há espaço de lazer, laboratório,
biblioteca ou mesmo espaço para executar tarefas extracurriculares.
A falta de espaço deve
se agravar com o crescimento da Vila. A previsão é que a instalação de novos
empreendimentos imobiliários e hoteleiros dever levar entre 300 e 400
trabalhadores a se mudarem com suas famílias para o distrito nos próximos anos.
Potencial econômico - A comunidade de Serra
Grande passa por um momento de transição econômica. Fundada em 1941, a vila foi
ocupada primeiramente por pequenos agricultores e pescadores. Apesar de estar
situada no sul da Bahia, a vila não conta com uma terra propícia ao cultivo do
cacau, fruta que fez o apogeu e o declínio econômico de sua vizinha, Ilhéus.
Durante 40 anos, a principal atividade do distrito foi o extrativismo
florestal.
Em 1997 o Governo do
Estado criou o Parque Estadual da Serra do Conduru, parte integrante da ¡rea de
proteção Ambiental (APA) Itacaré Serra Grande, como medida compensatória à
construção da Rodovia BA001 - Estrada Parque, entre Ilhéus e Itacaré. A região
onde est· inserida a Vila conta com uma das mais ricas biodiversidades do país.
O trabalho dos institutos Floresta Viva e Ynamata ajuda a forjar
um novo perfil econômico como um pólo fornecedor de flora tropical para áreas
de reflorestamento, para as indústrias moveleira e de construção, assim como
fornecedora de flora ornamental. Assim como a Escola Superior de conservação
Ambiental e Sustentabilidade (Escas) atua na região com a oferta de
mestrado profissional em conservação da biodiversidade e desenvolvimento
sustent·vel. Outras vocações do distrito são o turismo, a pesca e o artesanato.
A estrutura de ensino, porém, ainda não est· atenta às oportunidades e as demandas
profissionalizantes dos alunos.
II - O Seminário
Ação - Diante da necessidade
de se criar uma nova e adequada estrutura de ensino para a comunidade de Vila
de Serra Grande, o Movimento Vila Aprendiz promoveu nos dias 8 e 9 de fevereiro
um Encontro de educação, um amplo debate sobre pedagogia e estrutura física
escolar onde estiverem presentes representantes do Ministério da Educação,
liderados pela ex- secretária nacional de educação básica Maria do Pilar, e das
secretarias estadual e municipal de educação. Os educadores José Pacheco, um
dos idealizadores da Escola da Ponte, de Portugal, e Cybele Amado, do Instituto
Chapada de Educação. Os arquitetos Bya Goulart e Wolf Reiber, o Instituto
Natura, representado por Pedro Villares e Beatriz Ferraz. O prefeito de Uruçuca,
Moacyr Leite. Lideranças comunitárias locais, como dona Regina, antiga
professora que sempre estimulou ações que visam melhorias na educação da
comunidade, Rui Rocha, do Instituto Floresta Viva, Valerie Nicollier e Regina
Toffoli, do Movimento Vila Aprendiz e organizadoras do encontro, moradores,
empresários, professores e alunos.
Os debatedores foram
reunidos em círculo sob uma tenda no terreno da Casa Azul, sede do Vila
Aprendiz, numa disposição que facilitava o debate. O engajamento da comunidade
na organização do evento demonstrou o interesse na mudança. Moradoras como Gura
e Mara providenciaram a alimentação e Sanzio, da Galeria Pizza Bar, ofereceu
uma rodada de suas massas. Léo cuidou do som e iluminação, Glaydes da decoração,
Paraíso da logística, Nerivalda da limpeza, Serjão do jardim e Nego, da
portaria. Os alunos do Núcleo de Comunicação do Vila Aprendiz cuidaram da recepção
e serviços gerais. Diversão e cultura ficaram por conta das bandas Xote, Gospel
e Dioxina, coordenadas por Maciel, do circo comandado por Ivana e Mateo e da
apresentação de capoeira da equipe de Guga.
III - Propostas
pedagógicas e arquitetônicas
Pedagógicas - Entre os diagnósticos
e propostas dos educadores presentes no debate surgiram alguns pontos em comum.
O primeiro deles é a necessidade da escola (e o poder público) dialogar com a
comunidade, entender suas demandas e buscar as soluções adequadas. Por outro
lado, a comunidade também precisa se envolver e assumir a responsabilidade
sobre o processo educacional de suas crianças e adolescentes. O desafio é
concretizar estes movimentos. Duas abordagens se sobressaíram:
Maria do Pilar - As escolas atuais
refletem modelos do passado, quando o objetivo principal era passar informação.
Hoje o acesso à informação é fácil devido aos inúmeros mecanismos de comunicação,
como a internet. As escolas precisam desenvolver a capacidade dos alunos de
interpretar e analisar as informações.
O projeto educacional
deve possuir identidade com as demandas da comunidade. A formação de um efetivo
e apartidário conselho municipal de ensino, formado por educadores, vereadores
e representantes da comunidade, assim como de um conselho escolar, este formado
por professores, pais de alunos e membros da comunidade é fundamental para
definir objetivos, acompanhar e corrigir rumos.
Os professores também
precisam evoluir e buscar as soluções pedagógicas para as demandas verificadas.
O trabalho de um coordenador pedagógico é importante, estimulando uma reflexão
periódica dos desafios e problemas enfrentados. A baixa formação dos
professores pode ser minimizada por meio do Plano Nacional de formação dos
Professores.
José Pacheco - O baixo desempenho e a
grande evasão escolar são resultados de uma escola dissociada dos interesses
dos alunos e da comunidade, que não dialoga com os jovens. Uma escola que,
mesmo quando consegue transmitir seu conteúdo, não forma cidadãos. Ele propõe
uma mudança radical na forma de fazer escola. Uma escola que tenha como
princípios a liberdade, a responsabilidade e a solidariedade.
O primeiro passo é
estabelecer uma escola pública autônoma, dirigida pelos pais e pela comunidade,
que respeite as decisões federais e estaduais sobre currículo (com compromisso
assumido em um contrato de autonomia), mas que atenda às especificidades de
Serra Grande, definidas pela própria comunidade, após consultas que incluam
principalmente os alunos. Entraria na discussão desde a definição sobre conteúdo,
ciclos de ensino, formatos de aulas e a necessidade de provas, por exemplo. Uma
assembléia anual define deveres e direitos de todos os envolvidos.
A
escola deve ser integral e integrada à comunidade, onde o aprendizado não se
restringe à escola. Caberia aos professores estabelecer uma forte relação com a
comunidade e identificar locais e pessoas que, com seu conhecimento (não
importa em que área) e exemplo, sejam educadores em potenciais. A meta é criar
uma malha de colaboradores na educação das crianças.
Além disso, seriam
identificados tutores. Um adulto/educador (professor ou voluntário) que se disponha
a acompanhar cada criança, que esteja disponível para ouvir suas dúvidas e
inseguranças. Assim como grupos de responsabilidade, formado por alunos e
professores, assumiriam compromissos sobre os diversos aspectos da escola.
O próprio papel do
professor também seria revisto. Ele não se restringiria a passar
automaticamente um conteúdo. Mas trabalharia a partir das dúvidas, ou seja, do
interesse dos alunos. Saindo de uma posição do “eu ensino” para “nós aprendemos”.
A auto-avaliação dos alunos seria estimulada.
O debate constante
entre mestres, alunos e educadores da comunidade em assembléias periódicas
ajudaria a aperfeiçoar o processo de ensino.
Este conjunto de
ações, adotada na escola da Ponte desde meados dos anos 70, levou a Vila das
Aves, no norte de Portugal, a sair de uma taxa de analfabetismo que beirava 80%
para zero e seus alunos a se posicionarem entre os de melhor desempenho no
país.
Arquitetônicas - Um consenso foi
estabelecido a partir de uma manifestação da arquiteta Bya Goulart. Primeiro
a comunidade precisa definir o que quer da escola, qual modelo pedagógico
seguir e depois projetar o espaço físico adequado ao modelo.
Ao definir que escola
são pessoas e não prédios e que a educação não deve se limitar a um espaço
físico denominado escola, mas deve se dar em todos os espaços públicos da
comunidade, o educador José Pacheco questiona o processo de ensino em
escolas e salas de aula tradicionais, fechadas.
Bya Goulart observa que a maioria das
escolas segue padrões arquitetônicos do século XIX e busca auxiliar o controle
dos corpos e mentes dos alunos. Salas fechadas, crianças enfileiradas diante de
uma mesa do professor e um quadro negro. Janelas altas que impedem a visão do
que ocorre fora. Este projeto não combina com um modelo pedagógico que valorize
a liberdade e a responsabilidade dos alunos. É preciso criar um espaço onde a
criança goste e tenha prazer de ficar, que valorize a participação e o diálogo.
Maria do Pilar diz que as escolas
devem abrigar os alunos por mais tempo, disponibilizando uma série de
atividades extracurriculares. Para isso, é preciso que o projeto comporte
refeitórios, banheiros equipados com chuveiros, armários para os alunos
guardarem material escolar, biblioteca e outras salas de apoio.
Wolf Reiber apresentou os projetos
das escolas Green School, em Bali, Indonésia, e Panyaden School, na Tailândia.
As duas fogem ao modelo tradicional formado por salas de aula fechadas. Outro
ponto em comum é o projeto arquitetônico em harmonia com o meio ambiente, que
utiliza materiais naturais da região, como terra, pedra, piaçaba e bambu e
materiais de reciclagem.
IV - Pontos de apoio
ao processo de mudança
Vila Aprendiz - Coordenado por Valerie Nicollier, em três anos, o movimento
promoveu a abertura da escola pública e estabeleceu um diálogo entre a escola e
a comunidade de Serra Grande. O Vila Aprendiz oferece, para todas as crianças e
jovens da vila uma série de atividades pedagógicas, algumas extracurriculares e
outras integradas ao currículo oficial em horário escolar, que abrangem desde
brincadeiras, dança, música, ao aproveitamento dos saberes da comunidade para
transmissão de ensinamentos sobre atividades artesanais, panificação, pesca,
floresta e até a produção de um jornal comunitário. Estimulada pelo Vila
Aprendiz, a secretaria de educação permitiu que a escola municipal, por meio de
seus professores, realizasse uma parte das suas atividades pedagógicas fora da
sala de aula, utilizando espaços diversos da vila como espaços de aprendizagem.
O engajamento dos estudantes é grande, sendo que em três anos por volta de 800
alunos já participaram de atividades organizadas no contexto do Vila Aprendiz.
Projeto Chapada de Educação
- A força do exemplo de um projeto de 20 anos que
hoje abrange 571 escolas, 86 mil estudantes em 22 municípios na Bahia, com
perfis sócio-econômicos parecidos ao de Uruçuca. Em alguns deles, o IDEB supera
5, nota acima da média brasileira. A evasão escolar média foi reduzida de 26%
para 3,5%. Segundo a educadora Cybele Amado, a mobilização da sociedade e a
formação de redes colaborativas, formada por pessoas dos municípios dispostos a
trabalhar junto com os professores na definição, revisão e acompanhamento de
metas de ensino fizeram a diferença. Em fóruns anuais, chamados de Dia da Educação,
os compromissos da comunidade, vereança e prefeitura (inclusive candidatos)
para o ano são estabelecidos.
Instituto Natura - Durante o encontro, Pedro Villares e Beatriz Ferraz, do
Instituto Natura, noticiaram a inclusão do município de Uruçuca ao Projeto
Trilhas, que disponibiliza cadernos didáticos que orientam os professores na
sala de aula, um acervo de livros de literatura infantil e material de apoio
como jogos e cartelas de imagens. O objetivo é despertar o gosto dos jovens
pela leitura. O projeto, que é realizado em parceria com o Ministério da Educação,
teve início em 2010 e já está em 3.300 municípios e 72 mil escolas. Além disso,
o projeto estimula a formação de arranjos locais de ensino, com o debate
regional de desafios e as boas práticas nas escolas.
V - Próximos passos
Desafio - A nova escola da Vila de Serra Grande deverá ser erguida com recursos públicos
do Fundo Nacional de Desenvolvimento da educação, órgão do Ministério da educação.
O FNDE disponibiliza R$ 1.200,00 por metro² construído. A terraplanagem do
terreno e a infraestrutura local é de responsabilidade dos municípios. As
escolas financiadas seguem um modelo arquitetônico padrão, definido pelo
ministério. O FNDE não possui um mecanismo processual para receber e encaminhar
propostas que fujam do padrão estabelecido. Como relatou o prefeito Moacyr
Leite, representantes de pequenos municípios têm dificuldade de até mesmo
conseguir falar pessoalmente com os gestores. Maria do Pilar manifestou
que será necessária uma articulação para agendar uma reunião com os dirigentes
da FNDE para o encaminhamento do projeto.
Encaminhamento - Os participantes do encontro decidiram formar um núcleo para conduzir o
trabalho de definição dos projetos pedagógico e arquitetônico que serão
adotados. O grupo, formado inicialmente por volta de 35 pessoas, entre
professores, alunos e representantes da comunidade, deverá ser expandido com o
convite a outros atores comunitários não presentes ao encontro. A primeira
reunião para discussão de propostas está agendada para o dia 2 de março. Como
definiu Guilherme Leal, do Instituto Arapyaú, “O processo de discussão
não é o caminho mais rápido, mas o mais consistente. A nova escola nasce na
sociedade”.
Para Leal, o debate público em Vila de Serra Grande gera um legado para
outras comunidades que não se traduz em projetos arquitetônicos e pedagógicos,
que não podem ser reproduzidos, uma vez que criados para atender as condições
locais, mas na forma de referência como processo de consulta pública, com ampla
participação da comunidade, dos alunos, professores, do governo e de
especialistas.
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