segunda-feira, 7 de maio de 2012

II Comunicado:


Oficinas de trabalho sobre as novas Escola de Serra Grande
Estiveram reunidas quase 100 pessoas, em sua maioria professores das Escolas Públicas de Serra Grande (Creche, Ensino Fundamental e Médio), nos dias 18 e 19 de abril, no Auditório Municipal e na CasAzul, para planejar as Novas Escolas de Serra Grande.
A Secretária de Educação abriu o encontro, que permitiu uma reflexão conjunta sobre a necessidade de uma nova escola em Serra Grande e o reconhecimento das forças das atuais escolas e de suas histórias, e, ao mesmo tempo em que abriu uma nova perspectiva para a construção de escolas públicas no país. Tornou evidente que a Nova Escola será pública, deverá atender aos anseios da comunidade local e estar em harmonia com os potenciais culturais e ambientais da região.
Todos concordaram que é preciso haver uma reflexão sobre o modelo pedagógico e que este norteia o projeto arquitetônico. Outro aspecto importante foi que o ensino básico – creche, ensino fundamental e ensino médio – será pensado em seu todo e que esta prática deverá se refletir na gestão da Nova Escola. A comunidade presente também contribuiu e reforçou a importância das famílas participarem da Nova Escola e de todos acompanharem e compreenderem as mudanças que estão acontecendo na Vila. Uma equipe técnica, formada por arquitetos e pedagogos, darão suporte na elaboração dos projetos pedagógico e arquitetônico da Nova Escola de Serra Grande.
Num segundo momento, do dia 18, uma discussão em grupos permitiu que todos se pronunciassem a respeito da Nova Escola, sendo que foram colocadas três perguntas para desencadear a discussão nos grupos.
Precisamos de uma nova escola? Por que?
Mais janelas, que seja confortável e ventilada;
Tenha livros;
Construída a partir da necessidade da comunidade, tem que ser um ambiente adequado;
Tem que ser mudado para o aluno voltar a AMAR a escola;
Necessária uma nova estrutura que abrace os alunos de forma prazerosa e com qualidade;
Necessária uma escola que estimule o aluno;
Escola com ideia criativa, vai facilitar o aprendizado;
Já tem profissional com potencialidade;
Precisa ser valorizado o dom de cada um, uma escola que não seja competitiva mas que todos venham a ocupar um lugar e com isso haja interação de um com o outro;
Ter um processo de ensino e aprendizado efetivo com qualidade;
Tem que oferecer a oportunidade para o aluno desenvolver o social, afetivo e educacional.
Aumento do número de alunos;
Falta de merenda para o ensino médio;
Participação efetiva dos pais;
Família faz a diferença;
Desinteresse pode vir de aulas monotonas mas falta um espaço adequado para os professores soltarem a imaginação;
Espaço físico adequado a quantidade de alunos e para a realização das atividades planejadas;
No ensino fundamental falta espaço para brincar;
Falta de perspectiva para os alunos do ensino médio, a nova escola deverá preparar os jovens para o seu futuro.
Quais são as forças que temos e vamos levar para essa nova escola?
Já tem uma responsabilidade social;
Há preocupação em levar o aluno a pensar;
Da adversidade e da união;
Receber inovações;
Organização comunitária, dentro encontra-se as associações;
Espírito de cooperação em entender o outro;
Explorar as diversidades que já temos;
Professores capacitados com graduação, espírito de grupo e de companheirismo frente aos desafios e adversidades;
Coordenação pedagógica ativa;
Merendeiras;
Alunos;
Parceria com Arapyaú para realizar excursões em ambientes externos que sejam interessantes ao processo educativo;
Conhecer outros espaços, adequação dos conteúdos com a realidade da vida dos estudantes;
Revisão do material didático que é muito tradicional;
Projeto de leitura com um espaço mais adequado;
Revisão do tipo de merenda e continuar recebendo a produção dos agricultores locais.
Características da Nova Escola:
Parque de diversão;
Quadra de esporte;
Salas de leitura;
Espaço para: carpintarias, culturas e pinturas;
Área de lazer;
Trabalho diferenciado para perspectiva futura;
Valorização do professor;
Aumento do salário;
Merenda de qualidade, nutritiva e diversificada;
Educação Ambiental;
Salas amplas e arejadas;
Boa biblioteca;
Hortas;
Aulas práticas;
Sala de informática;
Brinquedoteca;
Anfiteatro e auditório;
Laboratório de línguas, de ciências e de artes;
Aula de música;
Psicólogos;
Banho de rio;
Viagens de estudo;
Um lugar para as crianças brincarem com terra e areia;
Um mirante panorâmico para o PESC – mais tempo (período integral);
Educação voltada para as tradições e culturas locais;
Aulas de dança;
Excursões.

A continuação da I Oficina da Nova Escola
No dia 19, os trabalhos se concentraram na estruturação de quatro Grupos de Trabalho:
GT Projeto Pedagógico,
GT Projeto Arquitetônico,
GT Mobilização e Comunicação,
GT Construções Ecológicas.

Os três primeiros grupos discutiram seus planos de trabalho e já marcaram um novo encontro. Esses planos estão sendo elaborados e serão socializados com todos no próximo informativo.


Composição e Ações dos Grupos de Trabalho

GT Projeto Pedagógico, como o nome já diz, tem como objetivo a elaboração do Projeto Pedagógico, na perspectiva da educação integral, para orientar o projeto arquitetônico dos novos prédios das escolas públicas de Serra Grande.

O GT Projeto Pedagógico optou por iniciar seus trabalhos com a discussão das ideias já formalizadas nos Planos Político-Pedagógicos (PPP's) das duas escolas públicas de Serra Grande (Escola Estadual Antônio Cruz e Escola Municipal Eliés Haun). Portanto, os PPP’s já existentes, mesmo que inacabados, estão sendo compartilhados com todos, para que possam ser reformulados.

O importante é que no Projeto Pedagógico da Nova Escola sejam contempladas todas as coisas que não podem faltar na escola dos sonhos de todos nós, com atenção a questões práticas, no sentido de formular um espaço inovador que possa ser bem aproveitado pelos professores, educadores e alunos.

A questão norteadora deste processo deve ser: O QUE os alunos precisam APRENDER e COMO os alunos vão APRENDER na Nova Escola?

Para dar subsídios aos participantes do GT, na elaboração do Projeto Pedagógico, foi organizado um grupo de estudos que se reune aos sábados às 15h na CasAzul, para refletir sobre a Leis de Diretrizes e Base da Educação Nacional Brasileira (LDB) e outros documentos.

Compõem o GT Projeto Pedagógico:

  • Célia Farias – Secretária de Educação de Uruçuca
  • Carla – Diretora da Escola Municipal Eliés Haum
  • Cintia – Coordenadora da Escola Municipal Eliés Haum
  • Cris Leal – Coordenadora do Grupo Ecoloucos pela Vida
  • Cynthia – Mãe voluntária
  • Danilo – Professor da Escola Municipal Eliés Haum
  • Emílio  – Professor da Escola Rural Dendê da Serra
  • Ionara – Coordenadora da Escola Municipal Eliés Haum
  • Irmã Jaqueline – Psicopedagoga da Escola Municipal Eliés Haum
  • José Pacheco – Professor convidado (Escola da Ponte/Portugal)
  • Leda  – Diretora da Escola Estadual Antonio Cruz
  • Marcel  – Presidente Associação de Moradores da Beira Rio e da Represa
  • Maria de Lourdes (Lia) – Professora da Escola Municipal Eliés Haum
  • Pedro I. H. Ribeiro – Estudante da UESC e coordenador do GT
  • Rosângela – Coordenadora da Creche Eva Santos

GT Projeto Arquitetônico – Bya Goulart, como coordenadora do GT, propôs a leitura e discussão do PRUA, assim como a análise de outras referências, textos e imagens, que ajudarão a pensar na construção da Nova Escola de Serra Grande.

A discussão sobre os objetivos dos GTs evidenciou que, apesar de existir desafios próprios, os GTS do Projeto Pedagógico e o do Projeto Arquitetônico precisarão dialogar constantemente, pois o Projeto Pedagógico irá subsidiar o Projeto Arquitetônico da Escola. Profª Maria do Pilar esclareceu que a apresentação do projeto da Nova Escola para o FNDE, que deverá ser feita pela comunidade em outubro de 2012, terá como foco principal o Projeto Arquitetônico, porém, tudo que será “pedido” ao FNDE, em termos de construção,deverá ser justificado pela proposta pedagógica.

Foi reforçado, em diveras ocasiões, que o Projeto Pedagógico, que norteará o Projeto Arquitetônico, não terá necessariamente o mesmo formato de um PPP padrão.

Os participantes do GT Projeto Arquitetônico são:

  • Bya Goulart – Arquiteta especialista em escolas
  • Claudionor – Engenheiro da DIREC 06
  • Cleiton – Estudante da Escola Estadual Antonio Cruz e Jovem Jornalista do Núcleo de Comunicação
  • Cosmiranda (Coty) – Vice diretora da Escola Municipal Eliés Haum
  • Débora – Professora da Escola Estadual Antonio Cruz
  • Florisval Neto – Jovem Jornalista do Núcleo de Comunicação
  • Janete – Diretora da Creche Municipal Eva Santos
  • Jayne – Estudante da Escola Estadual Antonio Cruz e Jovem Jornalista do Núcleo de Comunicação
  • Jefferson – Permacultor e artesão (bambu)
  • Jeiza – Estudante da Escola Estadual Antonio Cruz e Jovem Jornalista do Núcleo de Comunicação
  • Marlon – Músico e construtor
  • Valdomiro – Empresário da Construção Civil

GT Mobilização e Comunicação
tem a função de integrar e informar, conscientizando toda a comunidade sobre as mudanças e o processo de construção coletiva da Nova Escola, favorecer o fluxo de informações dos outros Grupos (Pedagógico e Arquitetônico), através da promoção de rodas de conversa e a participação em outras reuniões da comunidade.  Em parceria com o Núcleo de Comunicação Aprendiz, o GT irá publicar um informativo quinzenal sobre a Nova Escola e promover o Blog wwwnovaescoladeserragrandeblogspot.com.br , além de criar materiais de comunicação, e a participação organizada em eventos na Vila com a divulgação de informações.

O GT Mobilização e Comunicação reune-se quinzenalmente na Casa Branca, a próxima reunião será no dia 22/05, às 17h.

Componentes:

  • Bárbara – Educadora na Educação Informal
  • Da. Regina – Presidente Associação dos Pequenos Agricultores de Serra Grande
  • Duda – Vereador de Serra Grande
  • Emílio – Professor da Escola Rural Dendê da Serra
  • Erbene – Agente de Saúde e Professora da EJA
  • Gura – Educadora Comunitária e Artesã
  • Ilma – Arte Educadora e especialista em lixo
  • José Basílio – Coordenador da Quadrilha do Bairro Novo
  • Krishna –  CRAS  –  Secretaria de Assistência Social 
  • Luciano – Presidente Associação Cultural da APA de Serra Grande/Itacaré
  • Ludimila – Coordenadora Projeto Afro Raiz
  • Mara – Agente de Saúde, Mãe Solidária
  • Marcel – Associação de Moradores da Beira Rio e da Represa
  • Maria de Lourdes – Professora do Colégio Eliés Haum
  • Marlene – Agente de Saúde e Mãe Solidária
  • Marlize – Instituto Mecenas da Vida e Professora do Inglês Solidário
  • Regina – Núcleo de Comunicação Aprendiz e coordenadora do GT
  • Solange – Professora da EJA
  • Soliene – Mãe solidária
  • Soraia – Agente de Saúde e Mãe Solidária

GT Construções Ecológicas

Jefferson, um dos integrantes do GT, iniciou uma pesquisa que objetiva conhecer e resgatar os saberes tradicionais na construção civil da região cacaueira. Para isso, vem realizando entrevistas com diversos profissionais na vila, contando com o apoio de jovens para fazer registros audiovisuais. No dia 19/05, pela manhã, uma parte das informações colhidas poderá ser conhecida no Seminário de Construções Ecológicas, onde saberes tradicionais e os conhecimentos de permaconstrutores serão expostos e debatidos.

Fazem parte do GT Construções Ecológicas:

  • Cláudio Maia – Empresário especialista em construções ecológicas
  • Gringo – Carpinteiro e Artesão
  • Iberê – Permacultor
  • Jefferson Cruz – Permacultor e empresário especialista em Bambu
  • Serjão – Paisagista e Jardineiro
  • Valdomiro – Empresário da Construção Civil
  • Wolf F. Reiber – Arquiteto e Urbanista Especialista em Bambu

I Comunicado Geral para a Comunidade de Aprendizagem das Novas Escolas Públicas de Serra Grande


Após a realização do II Encontro de Educação do Vila Aprendiz que teve como objetivo a formação de uma comunidade de aprendizagem para conduzir o processo coletivo de elaboração de um projeto pedagógico e arquitetônico inovador para a construção das novas escolas públicas de Serra Grande, Profª Maria do Pilar se encarregou de marcar uma reunião em Brasília com representantes do MEC e do FNDE, sendo que essa reunião aconteceu no dia 28/02, conforme Relato A, abaixo.
Relato A – Reunião em Brasília

No dia 28 de fevereiro, 2012, das 16:00h às 18:00h, aconteceu uma reunião no MEC em Brasília, coordenada por Maria do Pilar, Secretária de Educação Básica entre 2007 e 2012, contando com representantes do MEC, FNDE, Poder Público Municipal, Instituto Arapyaú e arquitetos, para discutir a construção das escolas públicas em Serra Grande, Uruçuca (Bahia).
Participaram dessa reunião: o Secretário de Educação Básica, o Presidente do FNDE, o Coordenador de Infra-Estrutura Educacional, um técnico-analista de projetos do FNDE, o Assessor da Secretaria Executiva do MEC, a Assessora da Secretaria de Educação Básica do MEC, a Coordenadora Geral de Redes Públicas da Secretaria de Educação Básica, o Prefeito do Município de Uruçuca, representantes do Instituto Arapyaú, e a coordenadora do Movimento Vila Aprendiz, a arquiteta especialista em arquitetura escolar e o arquiteto e urbanista coordenador do PRUA de Serra Grande. No final da reunião, tivemos ainda a presença do Secretário Executivo do MEC.
Profª Maria do Pilar abriu a reunião, apresentando as pessoas e fazendo uma breve exposição sobre Serra Grande e a atuação do Instituto Arapyaú nesse território, enfatizando localização e características sócio-ambientais da vila e a elaboração participativa do Plano Referência Urbanístico e Ambiental – PRUA, sua aprovação em lei, sancionada pelo Prefeito em janeiro 2012. Maria do Pilar falou ainda do Movimento Vila Aprendiz e relatou a sua participação no II Encontro de Educação do Vila Aprendiz, realizado em 08 e 09 de fevereiro 2012, explicando o objetivo do mesmo, sendo que enfatizou a importância desse encontro em função da ampla participação da sociedade. Apresentou sucintamente a situação das escolas públicas de Serra Grande, justificando a necessidade de um projeto inovador para essa vila, em função do grande número de crianças e jovens matriculado nas escolas, dos baixos índices sócio econômicos da região, do baixo IDE e do alto índice de analfabetismo entre adultos, assim como da extrema precariedade dos espaços escolares.
Em seguida, expós o objetivo da reunião: a discussão da construção das escolas públicas de Serra Grande, considerando os três níveis - 1) Creche e Educação Infantil, 2) Ensino Fundamental e 3) Ensino Médio (abrangendo todas as etapas do Ensino Básico) - e a oportunidade de experimentar em Serra Grande um processo coletivo de revisão dos padrões de construção do FNDE. A discussão de um projeto pedagógico, na perspectiva da educação integral, articulado com um projeto arquitetônico inovador, culminando com a realização da construção das escolas públicas de Serra Grande com recursos do FNDE, a fim de constituir uma nova referência para o Sul da Bahia e o Brasil.  

A reunião levou à conclusão de que a LDB/96 abre possibilidades para o desenvolvimento de projetos educacionais diferenciados, adequados às especificidades de cada lugar. A orientação por parte dos representantes do MEC e do FNDE consistiu em recomendar a organização do processo de elaboração participativa do projeto inovador para as escolas públicas de Serra Grande, com base num projeto com plano de trabalho detalhado, que garanta o registro e a possibilidade de comunicação da experiência, tornando-a uma nova referência para o MEC/FNDE. 


O plano de trabalho deverá direcionar o processo, que envolve pensar coletivamente um novo projeto pedagógico, na perspectiva da educação integral, e como expressão desse projeto de aprendizagem, uma concepção arquitetônica, que esteja em harmonia com o ambiente natural e a paisagem e cujos materiais de construção tenham uma estreita relação com os materiais tradicionais e os saberes locais da região. A sustentabilidade ambiental, social e econômica deverão ser um princípio básico que irá nortear a construção das escolas. O processo de elaboração coletiva dos projetos pedagógico e arquitetônico (organizado em forma de projeto com plano de trabalho) deverá contar com a contribuição da comunidade e será financiado pela sociedade civil organizada, o poder público e empresários, até adquirir um formato que possa ser submetido à avaliação pelo FNDE, que deverá financiar a construção das escolas. Quanto aos prazos, foi previsto o ano 2012 dedicado à elaboração do projeto das novas escolas, que no final de 2012 ou no início de 2013 serão submetidos ao FNDE.


Uma proposta de projeto e plano de trabalho, que orientará o processo participativo de elaboração dos projetos pedagógico e arquitetônica das novas escolas ao longo do ano 2012, deverá será apresentada e discutida no próximo encontro, a ser realizado no início de abril (local e data a definir). O Instituto Arapyaú se encarrega de coordenar o processo de elaboração dessa proposta e da organização do encontro para a sua apresentação e discussão.


Relato B – Reunião na CasAzul, Serra Grande
No dia 02 de março, conforme decidido no II Encontro de Educação do Vila Aprendiz, realizou-se a primeira reunião de articulação dos grupos de trabalho que irão pensar as novas escolas públicas de Serra Grande.

A reunião foi uma oportunidade para esclarecer as dúvidas, particularmente dos que não participaram do II Encontro, e para identificar os possíveis grupos de trabalho. Foram também relatados os resultados da reunião do MEC.
Os presentes consideraram que esta primeira reunião não era suficientemente representativa e decidiram preparar uma nova reunião a ser realizada no final de março. Todos se comprometeram a convidar outras pessoas para a próxima reunião, já pensando em que grupo cada pessoa poderia contribuir. O Núcleo de Comunicação ficou com a missão de promover pequenas reuniões pela Vila, para levar informações sobre o processo de elaboração dos projetos das novas escolas e ouvir as opiniões dos moradores da Vila sobre a escola que sonham.

Ficou também estabelecido que o Núcleo de Comunicação seria responsável pela comunicação entre os grupos e internamente aos grupos.
Compareceram à reunião representante da Escola Estadual Antonio Cruz), secretária de Educação de Uruçuca, Secretária de Assistência Social de Uruçuca, representante do CRAS de Serra Grande, (presidente da Associação Cultural da APA Itacaré/Serra Grande, representante da Escola Rural Dendê da Serra, mães solidárias, moradores, representante do IF Baiano, empresários, professora do Curso de Inglês Solidário - representante do Instituto Mecenas da Vida, presidente da Associação de Moradores da Beira Rio e da Represa, coordenadora do Projeto Afro Raiz, Diretor de Turismo da prefeitura de Uruçuca, representante do Instituto das Irmãs Franciscanas pequeninas de Belém, coordenadora da Escola Municipal Eliés Haum, representante do Instituto Arapyaú, participantes do Núcleo de Comunicação do Movimento Vila aprendiz.

Relato C
O Núcleo de Comunicação reuniu-se no dia 05/03, conforme combinado, e está preparando pequenas reuniões pela Vila. A próxima reunião está marcada para quinta (07), às 17h, na CasAzul.

Nova Escola e vida nova em Serra grande


Nova escola e vida nova em Serra Grande

Comunidade se engaja no planejamento da educação de seus jovens e caminha em direção ao desenvolvimento sustentável

I - Contexto

Oportunidade - A comunidade da Vila de Serra Grande, distrito litorâneo de Uruçuca, no sul da Bahia, com aproximados 4 mil habitantes, foi beneficiada em 8 de fevereiro de 2012 pela doação, por parte dos empres·rios Renato Guedes e Nelson Moraes, de terrenos que somam por volta de 40 mil m², onde deverão ser erguidos uma creche, uma escola municipal para o ensino fundamental, uma escola de ensino médio e um posto de saúde.

A construção dos novos equipamentos educacionais foi recebida pelas lideranças comunitárias locais não só como uma chance de estabelecer um espaço físico que estimule o aprendizado das crianças, desativando as instalações atuais, improvisadas em prédios que não foram concebidos para receber escolas. Mas também como uma oportunidade de aperfeiçoar o modelo pedagógico adotado e assim reverter o baixo desempenho escolar, constatado em um Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 3,1 (numa escala de 0 a 10), além de reduzir a grande evasão escolar e a alta taxa de analfabetismo que atinge 30% da população adulta.

A nova escola é ainda percebida como um fator indutor de mudanças sociais, capaz, ao longo prazo, de valorizar os cidadãos e resgatar a cultura local, ao mesmo tempo em que prepara os moradores para entender melhor o mundo no qual estão inseridos e, assim, aproveitar as oportunidades de trabalho e empreendedorismo que podem elevar as condições sócio-econômicas de uma população onde 90% das famílias, compostas em média por 5 pessoas, possuem renda de até 2 salários mínimos. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) local é de 0,65, enquanto a média brasileira é de 0,81.

Situação atual - A creche da Vila de Serra Grande atende 150 crianças de 3 a 5 anos, número insuficiente para o distrito, e não conta com espaço para acolher as crianças menores de 3 anos. No total precisaria abrigar por volta de 300 crianças. Na escola de ensino fundamental 1 e 2, estão matriculadas 900 alunos e 200 adolescentes acompanham o ensino médio. Alunos e professores se queixam sobre as condições das salas de aula, que são abafadas e minúsculas, com capacidade para receber 20 estudantes, mas são ocupadas por mais de 30. Não há espaço de lazer, laboratório, biblioteca ou mesmo espaço para executar tarefas extracurriculares.

A falta de espaço deve se agravar com o crescimento da Vila. A previsão é que a instalação de novos empreendimentos imobiliários e hoteleiros dever levar entre 300 e 400 trabalhadores a se mudarem com suas famílias para o distrito nos próximos anos.

Potencial econômico - A comunidade de Serra Grande passa por um momento de transição econômica. Fundada em 1941, a vila foi ocupada primeiramente por pequenos agricultores e pescadores. Apesar de estar situada no sul da Bahia, a vila não conta com uma terra propícia ao cultivo do cacau, fruta que fez o apogeu e o declínio econômico de sua vizinha, Ilhéus. Durante 40 anos, a principal atividade do distrito foi o extrativismo florestal.

Em 1997 o Governo do Estado criou o Parque Estadual da Serra do Conduru, parte integrante da ¡rea de proteção Ambiental (APA) Itacaré Serra Grande, como medida compensatória à construção da Rodovia BA001 - Estrada Parque, entre Ilhéus e Itacaré. A região onde est· inserida a Vila conta com uma das mais ricas biodiversidades do país. O trabalho dos institutos Floresta Viva e Ynamata ajuda a forjar um novo perfil econômico como um pólo fornecedor de flora tropical para áreas de reflorestamento, para as indústrias moveleira e de construção, assim como fornecedora de flora ornamental. Assim como a Escola Superior de conservação Ambiental e Sustentabilidade (Escas) atua na região com a oferta de mestrado profissional em conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustent·vel. Outras vocações do distrito são o turismo, a pesca e o artesanato. A estrutura de ensino, porém, ainda não est· atenta às oportunidades e as demandas profissionalizantes dos alunos.

II - O Seminário

Ação - Diante da necessidade de se criar uma nova e adequada estrutura de ensino para a comunidade de Vila de Serra Grande, o Movimento Vila Aprendiz promoveu nos dias 8 e 9 de fevereiro um Encontro de educação, um amplo debate sobre pedagogia e estrutura física escolar onde estiverem presentes representantes do Ministério da Educação, liderados pela ex- secretária nacional de educação básica Maria do Pilar, e das secretarias estadual e municipal de educação. Os educadores José Pacheco, um dos idealizadores da Escola da Ponte, de Portugal, e Cybele Amado, do Instituto Chapada de Educação. Os arquitetos Bya Goulart e Wolf Reiber, o Instituto Natura, representado por Pedro Villares e Beatriz Ferraz. O prefeito de Uruçuca, Moacyr Leite. Lideranças comunitárias locais, como dona Regina, antiga professora que sempre estimulou ações que visam melhorias na educação da comunidade, Rui Rocha, do Instituto Floresta Viva, Valerie Nicollier e Regina Toffoli, do Movimento Vila Aprendiz e organizadoras do encontro, moradores, empresários, professores e alunos.

Os debatedores foram reunidos em círculo sob uma tenda no terreno da Casa Azul, sede do Vila Aprendiz, numa disposição que facilitava o debate. O engajamento da comunidade na organização do evento demonstrou o interesse na mudança. Moradoras como Gura e Mara providenciaram a alimentação e Sanzio, da Galeria Pizza Bar, ofereceu uma rodada de suas massas. Léo cuidou do som e iluminação, Glaydes da decoração, Paraíso da logística, Nerivalda da limpeza, Serjão do jardim e Nego, da portaria. Os alunos do Núcleo de Comunicação do Vila Aprendiz cuidaram da recepção e serviços gerais. Diversão e cultura ficaram por conta das bandas Xote, Gospel e Dioxina, coordenadas por Maciel, do circo comandado por Ivana e Mateo e da apresentação de capoeira da equipe de Guga.

III - Propostas pedagógicas e arquitetônicas

Pedagógicas - Entre os diagnósticos e propostas dos educadores presentes no debate surgiram alguns pontos em comum. O primeiro deles é a necessidade da escola (e o poder público) dialogar com a comunidade, entender suas demandas e buscar as soluções adequadas. Por outro lado, a comunidade também precisa se envolver e assumir a responsabilidade sobre o processo educacional de suas crianças e adolescentes. O desafio é concretizar estes movimentos. Duas abordagens se sobressaíram:




Maria do Pilar - As escolas atuais refletem modelos do passado, quando o objetivo principal era passar informação. Hoje o acesso à informação é fácil devido aos inúmeros mecanismos de comunicação, como a internet. As escolas precisam desenvolver a capacidade dos alunos de interpretar e analisar as informações.

O projeto educacional deve possuir identidade com as demandas da comunidade. A formação de um efetivo e apartidário conselho municipal de ensino, formado por educadores, vereadores e representantes da comunidade, assim como de um conselho escolar, este formado por professores, pais de alunos e membros da comunidade é fundamental para definir objetivos, acompanhar e corrigir rumos.

Os professores também precisam evoluir e buscar as soluções pedagógicas para as demandas verificadas. O trabalho de um coordenador pedagógico é importante, estimulando uma reflexão periódica dos desafios e problemas enfrentados. A baixa formação dos professores pode ser minimizada por meio do Plano Nacional de formação dos Professores.

José Pacheco - O baixo desempenho e a grande evasão escolar são resultados de uma escola dissociada dos interesses dos alunos e da comunidade, que não dialoga com os jovens. Uma escola que, mesmo quando consegue transmitir seu conteúdo, não forma cidadãos. Ele propõe uma mudança radical na forma de fazer escola. Uma escola que tenha como princípios a liberdade, a responsabilidade e a solidariedade.

O primeiro passo é estabelecer uma escola pública autônoma, dirigida pelos pais e pela comunidade, que respeite as decisões federais e estaduais sobre currículo (com compromisso assumido em um contrato de autonomia), mas que atenda às especificidades de Serra Grande, definidas pela própria comunidade, após consultas que incluam principalmente os alunos. Entraria na discussão desde a definição sobre conteúdo, ciclos de ensino, formatos de aulas e a necessidade de provas, por exemplo. Uma assembléia anual define deveres e direitos de todos os envolvidos.

A escola deve ser integral e integrada à comunidade, onde o aprendizado não se restringe à escola. Caberia aos professores estabelecer uma forte relação com a comunidade e identificar locais e pessoas que, com seu conhecimento (não importa em que área) e exemplo, sejam educadores em potenciais. A meta é criar uma malha de colaboradores na educação das crianças.

Além disso, seriam identificados tutores. Um adulto/educador (professor ou voluntário) que se disponha a acompanhar cada criança, que esteja disponível para ouvir suas dúvidas e inseguranças. Assim como grupos de responsabilidade, formado por alunos e professores, assumiriam compromissos sobre os diversos aspectos da escola.

O próprio papel do professor também seria revisto. Ele não se restringiria a passar automaticamente um conteúdo. Mas trabalharia a partir das dúvidas, ou seja, do interesse dos alunos. Saindo de uma posição do “eu ensino” para “nós aprendemos”. A auto-avaliação dos alunos seria estimulada.

O debate constante entre mestres, alunos e educadores da comunidade em assembléias periódicas ajudaria a aperfeiçoar o processo de ensino.

Este conjunto de ações, adotada na escola da Ponte desde meados dos anos 70, levou a Vila das Aves, no norte de Portugal, a sair de uma taxa de analfabetismo que beirava 80% para zero e seus alunos a se posicionarem entre os de melhor desempenho no país.

Arquitetônicas - Um consenso foi estabelecido a partir de uma manifestação da arquiteta Bya Goulart. Primeiro a comunidade precisa definir o que quer da escola, qual modelo pedagógico seguir e depois projetar o espaço físico adequado ao modelo.

Ao definir que escola são pessoas e não prédios e que a educação não deve se limitar a um espaço físico denominado escola, mas deve se dar em todos os espaços públicos da comunidade, o educador José Pacheco questiona o processo de ensino em escolas e salas de aula tradicionais, fechadas.

Bya Goulart observa que a maioria das escolas segue padrões arquitetônicos do século XIX e busca auxiliar o controle dos corpos e mentes dos alunos. Salas fechadas, crianças enfileiradas diante de uma mesa do professor e um quadro negro. Janelas altas que impedem a visão do que ocorre fora. Este projeto não combina com um modelo pedagógico que valorize a liberdade e a responsabilidade dos alunos. É preciso criar um espaço onde a criança goste e tenha prazer de ficar, que valorize a participação e o diálogo.

Maria do Pilar diz que as escolas devem abrigar os alunos por mais tempo, disponibilizando uma série de atividades extracurriculares. Para isso, é preciso que o projeto comporte refeitórios, banheiros equipados com chuveiros, armários para os alunos guardarem material escolar, biblioteca e outras salas de apoio.

Wolf Reiber apresentou os projetos das escolas Green School, em Bali, Indonésia, e Panyaden School, na Tailândia. As duas fogem ao modelo tradicional formado por salas de aula fechadas. Outro ponto em comum é o projeto arquitetônico em harmonia com o meio ambiente, que utiliza materiais naturais da região, como terra, pedra, piaçaba e bambu e materiais de reciclagem.

IV - Pontos de apoio ao processo de mudança

Vila Aprendiz - Coordenado por Valerie Nicollier, em três anos, o movimento promoveu a abertura da escola pública e estabeleceu um diálogo entre a escola e a comunidade de Serra Grande. O Vila Aprendiz oferece, para todas as crianças e jovens da vila uma série de atividades pedagógicas, algumas extracurriculares e outras integradas ao currículo oficial em horário escolar, que abrangem desde brincadeiras, dança, música, ao aproveitamento dos saberes da comunidade para transmissão de ensinamentos sobre atividades artesanais, panificação, pesca, floresta e até a produção de um jornal comunitário. Estimulada pelo Vila Aprendiz, a secretaria de educação permitiu que a escola municipal, por meio de seus professores, realizasse uma parte das suas atividades pedagógicas fora da sala de aula, utilizando espaços diversos da vila como espaços de aprendizagem. O engajamento dos estudantes é grande, sendo que em três anos por volta de 800 alunos já participaram de atividades organizadas no contexto do Vila Aprendiz.

Projeto Chapada de Educação - A força do exemplo de um projeto de 20 anos que hoje abrange 571 escolas, 86 mil estudantes em 22 municípios na Bahia, com perfis sócio-econômicos parecidos ao de Uruçuca. Em alguns deles, o IDEB supera 5, nota acima da média brasileira. A evasão escolar média foi reduzida de 26% para 3,5%. Segundo a educadora Cybele Amado, a mobilização da sociedade e a formação de redes colaborativas, formada por pessoas dos municípios dispostos a trabalhar junto com os professores na definição, revisão e acompanhamento de metas de ensino fizeram a diferença. Em fóruns anuais, chamados de Dia da Educação, os compromissos da comunidade, vereança e prefeitura (inclusive candidatos) para o ano são estabelecidos.

Instituto Natura - Durante o encontro, Pedro Villares e Beatriz Ferraz, do Instituto Natura, noticiaram a inclusão do município de Uruçuca ao Projeto Trilhas, que disponibiliza cadernos didáticos que orientam os professores na sala de aula, um acervo de livros de literatura infantil e material de apoio como jogos e cartelas de imagens. O objetivo é despertar o gosto dos jovens pela leitura. O projeto, que é realizado em parceria com o Ministério da Educação, teve início em 2010 e já está em 3.300 municípios e 72 mil escolas. Além disso, o projeto estimula a formação de arranjos locais de ensino, com o debate regional de desafios e as boas práticas nas escolas.

V - Próximos passos

Desafio - A nova escola da Vila de Serra Grande deverá ser erguida com recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da educação, órgão do Ministério da educação. O FNDE disponibiliza R$ 1.200,00 por metro² construído. A terraplanagem do terreno e a infraestrutura local é de responsabilidade dos municípios. As escolas financiadas seguem um modelo arquitetônico padrão, definido pelo ministério. O FNDE não possui um mecanismo processual para receber e encaminhar propostas que fujam do padrão estabelecido. Como relatou o prefeito Moacyr Leite, representantes de pequenos municípios têm dificuldade de até mesmo conseguir falar pessoalmente com os gestores. Maria do Pilar manifestou que será necessária uma articulação para agendar uma reunião com os dirigentes da FNDE para o encaminhamento do projeto.

Encaminhamento - Os participantes do encontro decidiram formar um núcleo para conduzir o trabalho de definição dos projetos pedagógico e arquitetônico que serão adotados. O grupo, formado inicialmente por volta de 35 pessoas, entre professores, alunos e representantes da comunidade, deverá ser expandido com o convite a outros atores comunitários não presentes ao encontro. A primeira reunião para discussão de propostas está agendada para o dia 2 de março. Como definiu Guilherme Leal, do Instituto Arapyaú, “O processo de discussão não é o caminho mais rápido, mas o mais consistente. A nova escola nasce na sociedade”.

Para Leal, o debate público em Vila de Serra Grande gera um legado para outras comunidades que não se traduz em projetos arquitetônicos e pedagógicos, que não podem ser reproduzidos, uma vez que criados para atender as condições locais, mas na forma de referência como processo de consulta pública, com ampla participação da comunidade, dos alunos, professores, do governo e de especialistas.